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My predictions for this decade: embracing another roaring 20s

What a wonderful time to be alive. We live in a rapidly transforming society, like in no other time. Each moment can be the last one of the way we are used to seeing the world, to interacting with it and to making a sense of it; everything can be changed overnight. Of course, that generates a new kind of anxiety, one that yesterday people wouldn’t have to struggle with; it is as if we couldn’t count on a firm ground anymore. For people who like a more calm life, this whole unpredictability certainly can feel overwhelming. A globalized world, in which any event, in any part, is instantaneously known and matters; a world in which groups of people are dedicating their lives to come up with new ways to live, creating hardware, inventing services, developing software. For the most part of human civilization, there was none of that -- then, came the capitalism. Who would foresee that the most meaningful thing of the last decade would be all the power given to the individual by smartphones
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A inesperada solução para a exploração trabalhista

Em face do estado de calamidade econômica pelo qual o Brasil passa, com 13 milhões de desempregados -- e tantos outros milhões que não entram nas estatísticas, por terem desistido de procurar --, é oportuno discutir a natureza do trabalho neste país. Precisamente, o que mais me importa aqui (como sugere o título) é o estado de vulnerabilidade em que se encontra o trabalhador que finalmente consegue o emprego que almeja. Para começarmos de fato, espero que, a esta altura, estejamos todos de acordo sobre isto: o ser humano age, na maioria das vezes, por incentivos, e melhorar sua própria condição de vida é sua grande busca -- em outras palavras, na maior parte das vezes suas ações visam a ganhar vantagem, a melhorar sua qualidade de vida (comparando com a condição logo anterior à ação tomada). No âmbito da vida na sociedade moderna e todos os benefícios que ela pode oferecer, a ação mais comum das pessoas é a livre associação que fazem entre si com o objetivo de gerar riqueza e par

Ética e consumo de carne

Como todo texto sério deve começar, ainda que brevíssimo como este, vou definir o polêmico termo "ética", da forma como será usado aqui; assim dirimimos qualquer confusão. Ética é a análise, rigorosa ou não, das ações certas e erradas de um indivíduo ou grupo de indivíduos em relação a outro indivíduo ou grupo de indivíduos. Assim, "ético" como adjetivo pode ser tudo aquilo que é certo; e "certo" é o que tem o menor impacto negativo possível. Análises sobre ética não podem ser feitas sobre os animais, visto que eles não têm opção de como agir e tampouco têm a capacidade intelectual para analisar o impacto de suas ações. Então, se um leão mata uma presa simplesmente para se divertir, não podemos julgar. Ter a "capacidade intelectual para analisar o impacto de suas ações", neste caso, é ter a habilidade de enxergar através dos ollhos do outro e entender sua angústia. Isso é um exercício mental, que os animais, por mais inteligentes que sejam, n

Aforensaio 18

Após conhecer o mundo, a lagarta está pronta: esconde-se em seu casulo por um longo tempo – e torna-se uma borboleta. De sua metamorfose, as borboletas monarcas que nascem no outono começam logo sua migração anual de mais de 4 mil quilômetros. Milhares de borboletas deixam suas árvores e formam uma grande nuvem, dos Estados Unidos da América rumo ao México, no que se pode chamar de um dos mais belos espetáculos da natureza. Mas a borboleta que saiu não chegará ao seu destino; ela terá uma filha no caminho, que continuará sua jornada. Mas tampouco esta filha chegará ao destino da mãe; ela também terá uma filha. Após três gerações e muitos meses de viagem, a filha da filha da borboleta que começou a migração chega ao destino e tem uma filha, e então morre. Sua filha logo parte do México rumo aos Estados Unidos da América e, dada a sua vitalidade incomum, consegue percorrer os 4 mil quilômetros de volta, até chegar exatamente à mesma árvore que a mãe da mãe de sua mãe deixou um dia. Então

Aforensaio 17

A criatividade está no cerne da ciência. Grandes descobertas científicas foram antes grandes hipóteses, formuladas por mentes criadoras. É possível dizer, portanto, que o cientista também faz arte. No entanto, é a natureza quem  critica suas obras – e precisamente aqui reside a diferença entre o artista e o cientista: este aceita críticas.

Conservadores e liberais, ou: a comédia social

Que o ser humano é inclinado a uma visão de mundo dual, maniqueísta e dicotômica – não é segredo para ninguém. Através da história, a sociedade tem sido permeada por essa visão de lados opostos – um comportamento inteiramente ligado ao funcionamento primitivo do cérebro, isto é, um comportamento natural. De tantos resultados disso, chama atenção a forte divisão moral que se estabeleceu entre os homens, a saber, a divisão entre conservadores e liberais.  Por ser, como dito, "natural", é de se esperar que essa divisão seja acentuada em cabeças desprotegidas de autocontrole, auto-observação e consciência – pois são as que se deixam levar pelo que há de pré-estabelecido em si. Entre essas pessoas, que constituem a maioria da população, não se fala em outra coisa atualmente; para elas, hoje tudo é conservadorismo, liberalismo, esquerda, direita... É um tópico, sem dúvida, já cansativo, mas eu não podia me furtar a oportunidade de falar sobre, em vista de sua amplitude.  M

Aforensaio 16

Vivemos a época em que a tecnologia se tornou uma esperança, uma promessa – e eis por que ela está tomando o lugar de Deus. Hoje, já há quem chega a acreditar que será imortal pela tecnologia, que a Morte, essa doutora, não cortará a singularidade de sua singularíssima pessoa...

Aforensaio 15

Nada influencia mais a história da humanidade do que matar e dar vida. Por questões logísticas, esses homens que querem influenciar o mundo, como uma necessidade homérica de marcar-se na história, escolhem a primeira opção.

Aforensaio 14

Há uma espécie cômica de proteção, do homem que sente vontade de proteger tudo o que é inferior , como um altruísmo desmedido – mas é precisamente com esse comportamento que ele torna tudo e todos cada vez mais inferiores, à medida que os protege – e assim se torna superior ele mesmo.

Aforismo 8

Os fortes, com frequência, disfarçam-se com a máscara pesada da fraqueza – é seu exercício favorito, é assim, carregando esse peso, que se tornam mais fortes.

Aforensaio 11

É dito ao homem: "Estás livre agora". Mas a chave de sua prisão está do outro lado da porta, além de seu alcance. Então ele escuta novamente – "És um homem livre agora". A voz não mente, assim está escrito. A liberdade do homem é garantida como lei. Mas qual é o valor das palavras diante da porta que se recusa a abrir?

Aforensaio 10

Os homens sentem necessidade de dar um sentido humano a tudo, de tornar a própria realidade uma fábula, com personagens seguindo suas motivações e uma trama de fundo – pois assim conseguem  entender  o mundo. “Sem nós, por que existiria o Universo? quem assistiria a uma estrela morrer e ao fabuloso espetáculo nebulosa? quem seguiria os quasares?...” E como se não bastasse personificarem-se a si mesmos – personificam o próprio Universo, dando-lhe defeitos, dizendo: “Somos frutos da vaidade do Cosmos – nascemos para contemplar sua beleza”. Para eles, uma pedra não pode ser apenas uma pedra, ela deve ter um sentido, um propósito.

Aforensaio 9

Os homens refletem sobre o livre-arbítrio e chegam à conclusão de que ele não existe – mas não é livre no homem ao menos essa parte que reflete? “É a maior das prisões!”

Aforensaio 8

O Sol nasceu  –  e com ele novos conhecimentos, uma nova sabedoria; mas cuidado com o estudo  – e studo é cativeiro  –; q uando fores solto, a natureza pode ser demasiadamente selvagem e tu, pobre animal amestrado, não conseguir caçar.

O que é a justiça?

A humanidade tem seguido sua história de aperfeiçoamento, que nos últimos anos se provou ser exponencial. A cultura é por onde se dá esse processo, armazenando as informações dos erros e dos acertos ao longo do tempo, como uma grande mente coletiva. Viver mais e melhor é o objetivo, respeitando as liberdades individuais. O estudo, a análise e o pensamento crítico, cada vez mais disseminados em nossa sociedade, são as ferramentas básicas que usamos para conseguir o que temos hoje. No entanto, algumas importantes áreas da vida humana tiveram poucos avanços. O sistema judiciário – que aqui frequentemente chamarei apenas por justiça – é uma dessas áreas. Dito isso, este breve ensaio pretende ser uma pequena contribuição para a justiça. O sistema judiciário é uma forma organizada e sofisticada de vingança, por meio da aplicação de punição. Inevitavelmente, falar em justiça é falar em punição. Através da história, os avanços da justiça se concentraram apenas na forma como a punição é ex

Aforensaio 7

O que é o Brasil? Eis uma pergunta que gostamos de fazer por muito tempo, mas agora nos mostramos a nós mesmos aflitos, sem a resposta. Essa aflição nos leva a perguntar, desesperadamente, a qualquer estrangeiro que aporte por aqui: "O que é este país? que espécie de país é este?", e estapeamos-lhes a face, reperguntando. Temos a esperança de que eles saibam como quem sabe de uma pintura ao se distanciar e ver o quadro todo; mas não olham esta obra, e mal sabiam de sua existência. Quando percebi que este estranhamento ante este país me tornava também um estrangeiro, refiz-me a pergunta, afastando-me do mapa (pendurado à parede como obra de arte), depois de aflito já tê-lo girado 180 graus; o que vi não foi senão um punhado de estados escolhidos à sorte, comprimidos à força entre si – como me mostravam trêmulas e duvidosas as linhas fronteiriças – numa tentativa desesperada de união, que nunca existiu.

Aforensaio 6

A mitologia da Grécia antiga é a que mais impressiona, por ser reflexo de sua política, isto é, mutável, contínua. Ou será o contrário? Nesse caso, sua política um reflexo de sua mitologia – isto é, falsa. Então colocamos em dúvida toda a filosofia grega, porque baseada na política, dos animais políticos – as palavras usadas pelos filósofos gregos foram tiradas do vocabulário político, e isso já seria suficiente para a má-influência. Sim, nós colocamos verdadeiramente em dúvida – nós homens apolíticos.

Aforensaio 5

Os deuses, como disse sabiamente um filósofo antigo, são feitos à imagem e semelhança dos homens. Eu acrescentaria que os deuses são feitos também à necessidade dos homens. Por exemplo, os deuses indianos geralmente têm quatro braços, quatro mãos – para o trabalho.

Aforensaio 4

Estamos com sono, mas não conseguimos dormir; tentamos todos os novos métodos, mas é tanto o sono! Teremos que voltar aos primórdios e contar cordeiros – um a um sendo sacrificado em nome de Dionísio... Mas há algo nessa contagem que atormenta ainda mais nosso descanso: “Chegará o dia em que os cordeiros sacrificarão os lobos!, e farão vestes com suas peles.” Então o sono, porque conseguimos conviver com essa imagem, é acalante – podemos aceitar os cordeiros em pele de lobo. Ao acordar, percebemos que – são os pastores quem segue as ovelhas.

Aforensaio 3

Corremos o risco de pegar a mosca e, com as mãos fechadas, não conferi­-la por medo da fuga – e anunciar a todos sua captura: "Estava em minhas mãos", convencemo­-nos-­lhes. Apenas um santo, as mãos perfuradas, não arriscaria.

Aforensaio 2

"Eu  gostava  disso  –  agora  não  mais  gosto!  sou,  portanto  (assim  concluí  em  meu  coração),  um novo,  melhor,  mais  bem-­aventurado  homem;  eu  mudei",  assim  diz  o  tolo.  Seu  gosto  mudou, disso não há dúvida, está mais velho e maduro, e pode-­se dizer que melhor – mas mudou ele? teria sua personalidade fundamental mudado apenas pelo seu gosto? Pois não! como – peço que respondais sem pestanejar – pode um homem mudar? “Mas mudou também minha face!", pois sim! está mais velha, eu sinto muito. O tolo degusta outros sabores, mas seu paladar continua o mesmo – e talvez continue sendo assim enquanto não mudar seu gosto por si.

Aforensaio 1

Somos os primeiros a conseguir representar o presente como futuro ou passado; nosso próprio corpo parece­-nos muito velho ou muito novo, de acordo com o tempo em que nos colocamos. Quando muito velho, não podemos conter o riso, achamos graça. Verdadeiramente já não conseguimos levar algo a sério, nada mais importa, tudo é uma sátira de uma sátira, um erro baseado em outro erro – um fractal de erros. Todo esse riso em voz alta, essa gargalhada ressoante, pode entristecer: já não é mais cômico, é ridículo. O que uma vez foi motivo de riso, agora é motivo de choro. Tudo o que se coloca de forma cômica destrói; todo riso é niilista. Quando percebemos – há algo de seriedade então, mais uma vez, algo pode ser, novamente, levado a sério! – a Comédia.

O fim do romantismo

Se a história humana pudesse ser separada em apenas dois momentos, para mim não há dúvida de que seriam a era romântica e a era não romântica. A era romântica constituiu a maior parte da história até agora, ainda podemos vê-la por quase toda parte; de fato, em escala histórica nós acabamos de adentrar a era não romântica. Por isso, é de se esperar que nossos modos insistam em querer ser românticos, é uma questão de hábito. Mas, cada vez mais, mesmo os mais tardios dos homens perderão seu romantismo; serão, pouco a pouco, homens de seu próprio tempo -- homens modernos, o tempo da tecnologia. O modo de viver, o modo de pensar e o modo de agir são inteiramente novos. Em poucas palavras, estamos deixando de ser ingênuos (pois isso é ser romântico). Olhamos para o passado com um belo sorriso malicioso; olhamos para nossos pais e rimos. Somos frutos de uma estranha e assustadora época... Mas, de novo, ainda insistimos com o romantismo; algo em nós gostaria de ter participado de toda aquela